quarta-feira, 27 de julho de 2011

Colírio

Ando carente de mim
Da minha força, da minha companhia, da minha fé..
Da minha sutileza, alegria, serenidade..
Ah serenidade..que se ausentou de mim nem sei exatamente quando e já me perdi nos porquês..

Tô com saudade de me sentir livre para ser como eu quiser novamente
Saudade de poder ser honesta o tempo todo
Ao invés de ficar remediando e contornando as circunstâncias

Sinto falta da liberdade de me apaixonar pelo quê, quando, e como eu quiser
Com ou sem exagero..
Com ou sem reservas..
Com ou sem atitudes.
Carência do meu jeito de ser
Carência da minha espontaneidade.

Me perder de mim pode ser recuperável
Não sei até que ponto, qual a profundidade
Não sei se reencontaria toda minha personalidade
Me perder do resto é o medo..um medo tão sentido que às vezes é palpável

Injustiças calaram o meu vocabulário
Os meus gritos estão presos.. sem chance de defesa
Então quem me defenderia?
Quem me justificaria?
Quem limparia minha imagem borrada por essa cegueira insana e egoísta?

Aquele amor puro... talvez já contaminado
Talvez já  debilitado pelos ventos contrários
Aquele amor novo e desejável
Agora injustiçado

Ando a procura de mim outra vez
Procuro silenciosamente, pois não há mais companhia
Não há quem ouça minha voz
Não há quem antes havia..não há quem eu queria

Míopia ofuscou outros olhares
Os meus sonhos diminuem timidamente entre tantos nãos
Pisar em ovos..
Ser conveniente
Seguir o protocolo
E mesmo assim não ser suficiente...dói

Me perder de mim é um recesso
Podendo haver retrocesso
Sequelas pernanentes, talvez

Perspectivas embaçadas
Amor encolhido..escondido em tudo isso
Reservas de sentimentos bonitos e sadios
Sentimentos que, asfixiados, vão perdendo a autenticidade

Transformaram em nó o nosso laço
Me procuro por toda parte pra mostrar a você de novo
Usa um colírio de reciprocidade pra recuperar a nitidez
Se me perder de vista, sabe lá quando vai me enxergar outra vez

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